domingo, 13 de abril de 2008

Dengue

Há alguns meses, ao lançar uma campanha nacional de combate à dengue, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, considerou que seria “injustificável” e “inadmissível” que o Brasil fosse atingido por uma nova epidemia da doença. Dificilmente o ministro encontrará adjetivos mais adequados para se referir à situação atual da dengue. Em algumas regiões, ela é muitas vezes pior do que a daquela época - já se configurando como epidemia em várias cidades.

O quadro é particularmente grave no Estado do Rio de Janeiro, onde foram registrados 75.399 casos de dengue neste ano, com a ocorrência de 81 mortes. Destas, 48 ocorreram na capital, onde, até sexta-feira, tinham sido registrados 47.012 casos da doença. Outras 80 mortes estavam sendo investigadas no Estado. Se, destas, 10 tiverem sido provocadas pela doença, em pouco mais de três meses terá sido batido o triste recorde da pior epidemia de dengue conhecida até agora, ocorrida em 2002, quando a doença causou a morte de 91 pessoas.

Neste ano, em pouco mais de 100 dias, o número de internações por dengue na rede pública de saúde do Estado do Rio de Janeiro já é 14 vezes maior do que o de todo o ano passado. De acordo com a Superintendência Estadual de Vigilância em Saúde, neste ano 5.019 pessoas com dengue já precisaram ser internadas em hospitais da rede pública em 35 municípios. No ano passado, o número de internações ficou em 370.

A situação do Rio de Janeiro expõe de maneira clara a impotência da sociedade diante de uma calamitosa crise de saúde pública e a incompetência das autoridades para conter o avanço da doença e a mortandade. Há pouco, as autoridades da área de saúde redobraram seus esforços para combater a dengue e passaram a contar com o apoio dos hospitais militares de campanha, mas o número de casos registrados cresceu quase um terço em uma semana.

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